Com saias engomadas, batas rendadas, colares e balangandãs, as baianas demonstram a hospitalidade do povo baiano
Figura típica comemora dia com missa na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos Foto: Elói Corrêa/ Secom
No dia das baianas, 25 de novembro, segunda-feira, a Secretaria do Turismo , por meio da Bahiatursa, homenageia as baianas no aeroporto internacional de Salvador. Tipicamente trajadas com suas saias engomadas, batas rendadas, colares de contas e muitos balangandãs, elas irão recepcionar e alegrar os passageiros, com faixas chamando a atenção para a data e distribuindo fitinhas, cocadas e folhetos turísticos.
A energia da comemoração contagia baianos e turistas, e a figura mais típica do folclore da Bahia comemora o seu dia em grande estilo, com uma missa-afro, às 9h, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho. A cerimônia é marcada pelo sincretismo religioso, e centenas de baianas de diferentes idades, com suas indumentárias, cantam e dançam ao som dos atabaques, hinos religiosos e de agradecimento a Deus.
As baianas, com suas roupas coloridas, seguem um ritual: o tabuleiro com suas iguarias que são entregues no ofertório. A confraternização segue com um cortejo até o Memorial das Baianas, na Cruz Caída, para um almoço típico com 1.200 baianas, com muito samba de roda e sorteio de brinde.
Conforme a presidente da Associação das Baianas de Acarajé e Mingau (ABAM), administradora Rita Santos, a festa este ano completa 34 anos. “Nesse dia elas se confraternizam, esquecem todos os problemas e vão trocar figurinhas. É dia de festa é dia da baiana do acarajé!”, ressalta.
Uma programação também acontece no subúrbio de Salvador e em outras cidades da Bahia, mas é no dia 25 que a festa atinge o clímax. Além da missa e do almoço, acontecerão vários shows na área do memorial.
Na Bahia, o turista tem a possibilidade de conhecer e vivenciar essa cultura de raiz negra nas suas mais belas manifestações e no cotidiano da vida local. A baiana do acarajé está sempre presente nos eventos da Bahiatursa e nos quatro cantos do mundo, onde se formam enormes filas para apreciá-la, tirar fotografias e provar do famoso acarajé.
Para o diretor de serviços turísticos da Bahiatursa, Weslen Moreira, “é muito importante fazer essa homenagem no dia 25, uma vez que o trabalho e a imagem das baianas estão diretamente ligados ao nosso trabalho, visto que em boa parte das promoções nacionais e internacionais ela é um elemento típico sempre presente e cobrado”.
“São ícones da nossa Bahia”, completa Weslen, acrescentando que são “elementos típicos que nos diferencia de todos os outros estados”. Ele diz que a Bahiatursa tem sempre patrocinado esse esforço como um reconhecimento da importância e do apoio que as baianas asseguram ao trabalho de promoção da Bahia e da cultura baiana.
Meyrione de Oliveira, baiana típica, há 30 anos participa desse evento, e cada vez que se veste assim se sente fortalecida como se tivesse sendo agraciada por representar a cultura afrodescendente. “Quando faço o receptivo fico feliz quando amarro a fitinha e eles fazem os três pedidos”, afirma.
Ela também fala do Memorial das Baianas, que pode ser visitado por baianos e turistas de terça a domingo. “Lá poderão conhecer mais sobre as baianas, as representações dos orixás e sua identidade. Vale a pena conferir”, diz
ACARAJÉ - O principal atrativo no tabuleiro é o famoso bolinho. Acarajé é uma palavra composta de outras duas, na língua ioruba: “acará” (bola de fogo) e “jé” (comer), ou seja, “comer bola de fogo”. Sua origem está num mito sobre a relação de Xangô com suas esposas, Oxum e Iansã. O bolinho ritual é uma oferenda a esses orixás.
Mesmo ao ser vendido num contexto profano, o acarajé ainda é considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada. Para elas, o bolinho de feijão fradinho frito no azeite de dendê não pode ser dissociado do candomblé.